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O que fica na gaveta

Miguel Lucas

O que fica na gaveta

Miguel Lucas

Vimeiro

Hoje comprei um L&M Blue e mal dei a primeira passa lembrei-me da história que vos vou contar, já lá vai muito tempo... Tinha 18 anos, a carta de condução há uns meses e um dos primeiros maços de tabaco no bolso: um SG Ligths. Estou a referir-me a um encontro de amigos do curso do meu pai, com as respetivas famílias. Éramos cerca de oito famílias. Fui com os meus pais, o meu irmão e a minha irmã. Tenho a impressão de que até fui eu a conduzir para o Vimeiro, sob as orientações frequentes e enervantes do meu pai. Nós, os filhos, não conhecíamos nada bem esta gente, mas havia alguns jovens da nossa idade, infelizmente, para mim e para o meu irmão, quase todos rapazes. No entanto todo um universo de prespectivas se abriu quando chegámos ao hotel Golf Mar. Andavam por lá, à solta, umas raparigas do Porto, das nossas idades, que achámos muito desinibidas comparando com as que conhecíamos na nossa zona de Lisboa. Por sorte, os rapazes do nosso grupo eram mais sabidos do que eu e o meu irmão, que tinha nesta altura apenas 16 anos.

Isto fez com que, quando fomos para a piscina, metessemos conversa com um grupinho de quatro miúdas. Elas andavam entre os 17 e os 18 anos. Todas bonitas, faladoras e galhofeiras. E não nos devem ter achado de deitar fora, caso contrário não nos teriam desafiado para um encontro depois do jantar. Ficámos eufóricos!

Não me lembro nada do que se passou durante o jantar. Devemos ter comido à pressa, apenas com uma coisa na cabeça: o encontro com elas. Mas lembro-me de que nos reunímos os cinco num dos nossos quartos, para delinear estratégias. Aparecemos lá já com roupa de sair, que não devia ser nada de especial, e entretivémo-nos a conversar sobre as hipotéticas situações que poderiam ocorrer, influenciados por aquilo que era o nosso desejo do que viesse a acontecer... Lembro-me também que um de nós chegou mesmo a bochechar com perfume para irradicar a possibilidade de ter mau hálito.

A hora chegou e, espante-se, elas não faltaram ao prometido. Juntaram-se a nós nesse quarto, longe dos nossos pais o adivinharem... O que se sucedeu depois não exigirá muito das vossas imaginações. A conversa deu lugar a mais conversa, galhofa e gargalhadas, mas nada mais do que isso. Elas não deviam estar para aí viradas. Ou então fomos nós que fomos muito anjinhos, talvez esperando que fossem elas a atacar-nos, faltando-nos a coragem para dar um passo mais afoito. Creio que ainda nos encontrámos com elas no dia seguinte na piscina, mas nada mais de especial aconteceu.

Trouxe no maço de tabaco o número de telefone de uma delas, que ainda guardo, mas nunca lhe liguei. Talvez tenha sido uma grande estupidez, nunca saberei. Hoje é raro fumar, nunca fui grande fumador, aliás, mas há dez anos que deixei de comprar cigarros regularmente, mas quando o faço e sinto aquele aroma lembro-me sempre deste encontro. Cada passa faz-me regressar àquela ingenuidade e à excitação que tivemos na esperança de irmos ter uma noite inesquecível, que acabou por sē-la, mesmo assim.

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Nota:

Os nomes aqui citados apenas são verdadeiros nas histórias que são fictícias.

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