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O que fica na gaveta

Miguel Lucas

O que fica na gaveta

Miguel Lucas

Mulheres difíceis

Certas mulheres possuem uma personalidade capaz de fazer um homem sentir-se completamente anulado. A sua altivez aliada a uma atractividade elevada, o desprezo que demonstram associado à vontade que temos de as conquistar, a ausência de um sorriso, de um brilho nos olhos, perante a nossa tentativa frustrada de as agradar, remetem-nos a uma insignificância que nos dilacera o coração. Por oposição ao desejo que, estupidamente, em vez de ser aniquilado por esta força, fica ainda maior. Efeito este responsável, com quase toda a certeza, pela continuidade do comportamento da impiedosa. Não são poucas as que têm esta conduta, que só se justifica encontrando elas um grande prazer na sua colocação em prática.

Conheci uma mulher destas no Shopping. Não era proprietária de nenhuma ourivesaria nem de uma loja de roupas caras. Não calçava saltos altos nem usava joias. Não usava vestido comprido nem, tão-pouco, o contrário. Não usava penteados sofisticados. Era simplesmente a empregada de balcão da pastelaria. Era baixa, vestia-se de forma simples, usava ténis, calças de ganga, cabelo escuro apenas penteado. Contudo tinha uma fisionomia, um corpo, uma postura, que me provocavam um desejo enorme de conquistar a sua simpatia. Mas a sua inclemência a toda e qualquer investida da minha parte deixavam-me completamente frustrado. Sempre que lá ia tinha que estudar a minha atitude de forma a que não me pudesse sentir subjugado, o que raramente acontecia. Tornava desajeitada qualquer investida que eu tentasse fazer. Nunca deu o flanco. Tive que desistir.

Mas há outro tipo, com algumas diferenças. Conheci uma empregada de limpeza, muito sensual, com cerca de quarenta anos. Arranjava-se e tinha um corpo com curvas insinuantes. Para além disso era simpática. Assim que percebeu que despertara em mim certo interesse começou a desprezar-me. Passou a não me dirigir palavra nem sequer um olhar. Esperei mais uma semana e o mesmo se sucedeu. Decidi então, na semana seguinte, pagar-lhe com a mesma moeda. Quando chegou, agi como se ela não existisse. Não é que o comportamento dela se alterou na semana seguinte e nas subsequentes... voltou a dar-me atenção inclusive a parecer ficar amuada por eu não lhe ligar tanto quanto desejaria... vá lá um homem perceber as mulheres... Tudo não passara de um jogo. Do qual, diga-se de passagem, não sou apreciador.

Outra, lançou-me primeiro um laço. Captou a minha atenção. Fez-me ficar interessado. Insinuou uma certa possibilidade. Assim que percebeu que eu estava no papo, adotou esta atitude. Confesso que, neste caso, tive certa dificuldade em lidar com a situação. A miúda soube levar, por um tempo considerável, a sua avante. E eu ainda rastejei por uns tempos, embora nunca me tenha deixado levar à situação de implorar. Isso nunca!

Os homens não são todos iguais. As mulheres muito menos. O nosso erro é, por vezes, fazer os outros à nossa imagem e semelhança, não colocando a hipótese de poderem ser totalmente diferentes de nós. Com motivações que não nos passam pela cabeça. E mulheres destas são assim. Não querem ser amadas. Não precisam disso. Querem dominar. Querem ter um capacho onde limpar os pés. De preferência que lhes proporcione uma vida melhor. Não sejamos papalvos. Cuidado com mulheres destas. Fujam a sete pés. Não lhes deem hipótese.

 

 

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Nota:

Os nomes aqui citados apenas são verdadeiros nas histórias que são fictícias.

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