Monique
Ontem tive reunião com a Monique. É morena com uns olhos azuis muito claros e muito bonitos, emoldurados por umas sobrancelhas primorosas. Os lábios não ficam atrás, deixando ligeiramente a descoberto um alinhamento de dentes dispostos com mestria. Tudo isto num rosto com contornos delicados e agradáveis, envolvido por cabelos castanhos levemente encaracolados, mas não muito compridos. Não é uma deusa, nem uma top-model, mas ficou-me debaixo de olho desde a primeira vez que a vi. Sempre que me reúno com ela dedico algum tempo a admirar as suas feições. A sua voz condiz com o rosto, sendo muito clara, doce e sensual.
Já sabia que era casada. Ainda assim, quando há uns dias soube que estava grávida, não consegui disfarçar o meu desapontamento perante os meus colegas no comentário que lhes fiz de imediato. Não sei se a gravidez teve alguma influência nisto, mas ontem achei-a ainda mais bonita. Para com ela sinto uma enorme ternura. Uma vontade de a proteger, de ter a certeza de que não se magoou ou que sentiu algum desconforto, de satisfazer um capricho seu, de que não lhe falte nada. E a sua gravidez intensificou ainda mais estes sentimentos.
Quando me dirigia com ela e mais dois colegas para o laboratório, em que eu seguia a seu lado, com a sua simpatia, o seu doce gracejar e, pareceu-me, certo brilho nos olhos, deu-me uma vontade louca, quase incontrolável de envolvê-la com os braços e de a beijar. Não fosse a presença dos colegas, acho que não teria conseguido resistir, pois tinha a impressão de que a vontade não era só minha. Foi como uma súbita subida de pressão que apenas se foi aliviando quando nos aproximámos do verdadeiro objetivo daquela excursão. A sensação de que ela queria ser beijada passou e concluí que mais não era do que outra das minhas fantasias. De regresso dei-lhe os parabéns pela criança, que soube que vai ser menina, e mais alguma conversa de circunstância englobando os quatro presentes. Ainda tive oportunidade de me maravilhar um pouco com ela, mas rapidamente o assunto terminou e tivemos que nos despedir. Estendi a mão ao seu colega e ia fazer o mesmo com ela, como aliás sempre nos cumprimentámos, mas ela deu-me a cara a beijar. Fiquei agradavelmente surpreendido com este seu gesto e novamente me questionei se a vontade que tivera teria sido só minha. Fiquei quase certo de que ela tinha lido o meu pensamento e ouvido como ele sussurrava incessantemente "apetece-me tanto beijar-te". Nunca tinha tido um impulso desta natureza com tanta intensidade. Felizmente tudo decorreu conforme as regras da sã convivência, mas, por outro lado, mal posso esperar que chegue a próxima reunião.