Catarinazinha
Catarinazinha,
Que estúpido eu fui em ter-te escrito. Se não o tivesse feito, tudo o que aconteceu entre nós, que foi tanto tendo sido quase nada, talvez estivesse já a desvanecer-se. Mas não. Pus-te ao corrente. Evidenciei o problema. E agora já não é possível voltar atrás. Há provas escritas. Tu sabes o que eu sei. Como posso esquecer uma coisa sabendo que ela pode não ser esquecida por ti? Ter-te escrito ditou a perpetuidade da situação. Ou, pelo menos, de a prolongar mais do que seria desejável. O mal está feito! Resta-me roer-me de saudade quando não te vejo ou de privação quando te vejo sem que possa estar contigo. Ainda por cima agora quase não te vejo. Se ao menos quisesses quebrar as regras... Mas tens sido exemplar. Procuras estar sempre fora do meu campo de visão e eu nem contemplar-te ao menos posso fazer. Só isso me bastaria, Catarina. Não quero mais que isso. Amo-te tanto. Como pude deixar-me chegar a este ponto, meu amor... Os dias passam, as semanas e os meses passam, mas não há meio de passar a tua presença dos meus pensamentos.
Beijo, Miguel