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O que fica na gaveta

Miguel Lucas

O que fica na gaveta

Miguel Lucas

Viciado em ti

Quando estou perto de ti, quando estás ali, a apenas escassos metros de mim, e tenho possibilidade de te observar, não resisto a demorar o meu olhar sobre ti. Gosto de olhar os contornos do teu rosto, as curvas das tuas sobrancelhas o jeito único do teu longo cabelo preto. E melhor que as emoções que experimento nestes momentos, só mesmo se pudesse estar ao teu lado, partilhar contigo aquilo que sou, partilhares comigo aquilo que és. De onde vem o meu amor? porque desejo tanto que um dia fiquemos juntos? Porque me questiono tanto se isso um dia virá a acontecer? Porque tantas vezes tenho o pressentimento de que isso vai acontecer? Não é que sejas minha o que eu quero. Quero antes ser teu. Quero dar-me a ti completamente. Por vezes vejo-te olhar rapidamente para mim e não consigo adivinhar no que estás a pensar. Mas não encontro censura nos teus olhos. Quando penso em ti apetece-me escrever. Deixar rolar a ponta da caneta ao sabor dos pensamentos. Deixá-la gravar as curvas e contracurvas das letras como se os teus cabelos sedosos e encaracolados estivesse a desenhar. E ponho-me a imaginar como seria se pudéssemos passear de mãos dadas. Sentir-me-ia o homem mais feliz do mundo se isso acontecesse. Este desejo de te encontrar para te poder ver parece nunca se desvanecer. Não quero pensar que este amor um dia vai terminar. Quando olho para ti ele é sempre eterno. E recíproco. Não quero pensar que não o possa ser. Apenas a tua doçura me importa quando te vejo. E o meu amor por ti deixa de caber em mim. E desejo voltar a ver-te. Acho que estou viciado em ti.

 

 

Este mundo paralelo

Criei este blog para poder publicar textos que de outro modo ficariam fechados na gaveta. Por meio de um pseudónimo poderia libertar-me e dizer o que quisesse sem que ninguém saísse magoado, inclusivamente eu próprio. Foi assim que nasceu o Miguel Lucas. No início, como Miguel, sob a capa do anonimato, sentia-me livre. Escrevi textos que revelaram traços da minha personalidade que na vida real sou obrigado a esconder, o que foi bastante libertador.

O amor foi o tema mais abordado. Aquele que é mais complexo e dado a abrir mais feridas. Aquele onde mais temos de calar. O amor proibido. O amor reprimido. O amor impossível. Porque amor não sei se é o que mais tenho ou se é o que mais me falta...

Contudo, com o tempo, o tema começou a esgotar-se. Num período muito curto esvaziei todo o meu conteúdo. De acontecimentos passados e de outros que tive o privilégio de viver nesse mesmo período. Mas, na verdade, não o esvaziei totalmente. Houve um fenómeno que fez com que a gaveta se tornasse a fechar e que os textos deixassem de proliferar. Não por serem indecorosos, mas por uma outra razão, muito simples: comecei a conhecer pessoas neste mundo paralelo! Comecei a gostar delas e comecei a sentir pudor. E este mundo passou a ser uma réplica do real, onde fico acorrentado pelo medo de desiludir, de ser incorreto, resguardando-me muitas vezes no conforto do silêncio.

A primeira vez que tomei consciência deste facto foi quando publiquei um poema um pouco erótico, com um ou outro palavrão. Assumi como censura o facto de não ter recebido qualquer feedback. Senti que estava a desiludir os meus seguidores e importei-me com isso. Acabei por removê-lo alguns dias depois... admito que é um texto capaz de chocar uma parte considerável de leitores, mas tenho pena de que não esteja acessível.

Quero com isto dizer que quando não conhecia ninguém era fácil ser livre. Agora que o conheço a si que me lê e a ti que me lês, que construístes uma imagem a meu respeito, comecei a preocupar-me com aquilo que possais pensar de mim. Mesmo tapado com a máscara do Miguel Lucas que, com o passar do tempo e neste lugar, passou a ser a minha verdadeira cara. Tão ou mais real do que a minha própria cara. O medo de não ser amado, que toma conta de mim, já tomou conta do Miguel. Deste Miguel que inicialmente parecia ser tão destemido...

Poderei tentar vencer esta barreira, lutando contra estes medos infundados, mas também não sei se o quero fazer. O bem e o mal, o certo e o errado têm também um peso significativo. Seguir os impulsos, como o de escrever, por exemplo, sabe melhor se for feito em harmonia com a minha consciência.

 

 

 

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Nota:

Os nomes aqui citados apenas são verdadeiros nas histórias que são fictícias.

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