Na cozinha
Se te sentires sozinha
podes vir ter comigo.
Sentamo-nos na cozinha.
Faço dela teu abrigo.
Ponho água a aquecer
para fazer uma infusão.
Se quiseres podes dizer
o que te moi o coração.
Enquanto não ferver,
se quiseres, podes chorar.
Isso basta para entender.
Não precisas de falar.
Quando voltar do fogão
ponho na mesa a chaleira,
faço a preparação
e sento-me à tua beira.
E melhor do que contar
podes somente a cabeça
no meu ombro encostar
até que o mal desapareça.
Então, como a uma criança,
te aperto contra o meu peito
abandonando a lembrança
de que o chá já está feito.